sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Brega do Pará

O que é brega? Responderia essa pergunta com outra pergunta. Tudo o que a população de baixa renda produz é lixo? Se você responde que "sim" então tudo o que você repudia é brega; se você responde "não", então o que é brega pode ser uma falta de ordem nos conceitos!

O que difere entre uma marca de refrigerante da outra, não é somente o sabor, mais o quanto você pode pagar por isso. As formas de condução de um produto ao mercado está associado ao mecanismo de comercialização, porém de alguma forma esse produto precisa agradar, essa é a fórmula para garantir o consumo, pelo menos até que outro não supere o seu diferencial com algo a mais. Assim mesmo é com o produto musical, seja ele qual for, com diferenças simples, o local de consumo e seus condumidores.



Hoje especificamente em Belém, o technobrega, o techonomelody e as várias derivações que surgiram da música boêmia da periferia, estourou de maneira grandiosa quando a população passou a ter acesso aos mecanismos de criação desse condeúdo; os computadores, os programas de computadores (softwares) e a internet demarcaram o início da evolução de uma cultura popular que agrada e desagrada ao mesmo tempo, é a música brega da atualidade, o "boom"da pirataria como globalizando, chegando a lugares que nem mesmo a TV aberta alcança.

A pirataria foi o mecanismo condutor do produto de consumo da música eletrônica, que associada aos ritmos da periferia com jargões e pouquíssima informação e mais gestos, caracterizou o modelo do ritmo que hoje movimenta um mercado de mais de 15 milhões ao ano só na região metropolitanade Belém.

Não há espaço para todos no mercado formal isso é um fato, dessa maneira com um pouquinho de criatividade com as palavras, um computador qualquer e um programa pirata, pode dessa mistura surgir um estouro nas festas de aparelhagem, local onde é a fonte geradora da música brega do Pará.

A comercialização de CDs é um pequeno gerador de renda ao produtor do brega, da distribuição até a audição pelo consumidor final, seja nos bares, nos carros e pequenas festas mantém a cadeia produtiva do gênero musical, mas é nas grandes festas de aparelhagens que tudo acontece. Um público da média de 3 mil pessoas por evento frequentam os ambientes das aparelhagens, regados sempre pelo álcool, os jovens dos bairros próximos se concentram para como dizem "curtição", um momento de extravasar as energias em maneira própria deixar de lado os diversos problemas sociais de cada um.
Como toda a foma de concentração juvenil, assim como no futebol as festas de aparelhagens reúnem as equipes. Grupos que produzem suas próprias músicas ou pagam para ter uma música que trate deles, denominados por "galeras". Se uma aparelhagem fizer o capricho de alguma equipe tocando as músicas deles, é o início para o desentendimento com outras equipes ali presentes, acabando então com a alegria de alguns e as vezes de todos.

O documentário "BREGA S/A" de Vladimir Cunha e Gustavo Godinho, retrata muito bem esse universo da música brega do Pará, as inspirações, as criações, os ídolos, o mercado e estilo de vida de quem curte as festas do brega.



Espero que todo essa forte massa tecnologica utilizada na produção e nos eventos da música technomelodybrega falado possa ser um dia ser dançado e curtido com mais alegria e romance com no passado. Se não fosse o forte apelo do sexo como produto e a pobre inspiração de seus criadores, poderíamos dizer que o techobrega hoje é a soma da música brega dos anos 70 e 80 com as batidas eletrônicas dos programas de computador, porém falta muita riqueza em sua inspiração para ter o título de brega de verdade, falta ternura e coragem de dizer a beleza que vida transpira, falta sentimento traduzido em palavras.


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